Agora, as descobertas desse final de semana:
praticante da fina e complexa ciência do achismo+projeto de mulherzinha crafter
segunda-feira, 31 de agosto de 2009
Tardes de domingo no Pari
Agora, as descobertas desse final de semana:
o dia em que eu me tornei lixeira ou O Cubo
Liguei pro lugar indicado para a entrega e ninguém soube dizer do que se trata, e pelo que parece, esse cubo está perdido há algum tempo. ("ô moça, o pessoal do setor responsável é novo aqui e não sabe nada desse cubo aí não...")
Achado, repousa na minha estante, souvenir de uma cidade que despreza arte.
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
“solta pêlos-cheira mal-faz xixi no chão-late-avança-INCOMODA”
Na tentativa de amenizar o constrangimento com aqueles que se queixaram, hoje o jantar será por sua conta. Na panela o incomodo, ensopado com batatas.
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
Amei.
Mas amei muito mesmo: casei e separei, namorei no portão, namorei por muito tempo e por poucas semanas. Ou pela eternidade de uma noite na Augusta. Tive namorado à distancia, tive namorado ator, militante politico, esportista. Já namorei/desnamorei/namorei de novo, e isso tudo duas vezes. Já tive namorico com gente mais nova e mais velha. Já quase mudei de país por um amor, quase mudei de Estado. Quase. Já traí, já me trairam, já chorei baixinho, dei escandalo, bati porta, roí unha e, num ato desesperado de amor-quebrado cortei o cabelo bem curto, como se os cachos pelo chão apagassem a dor. Já fui muito feliz. E triste também.
E justamente por tudo isso eu consigo afirmar: agora é. Sem duvidas, sem crises, sem medos, agora é.
Depois de passar por tudo isso me restou apenas o amor tranquilo do moço que tá ali na cama a me dizer, agora agorinha “amor, vamos dormir?”
Simples assim.
Finalmente descobri sobre o que quero falar, e isso é um passo grande e doloroso.
Porque eu sou indecisa. Ou porque eu acabo me envolvendo com muitas coisas, muitos assuntos, sem relação entre si. É assim desde sempre. Na graduação, trabalhei com segurança e insegurança escolar, com vocabulário politico do século XIX e educação inclusiva, três assuntos em três departamentos completamente diferentes: sociologia, história e educação.
Terminei a graduação, dei um tempo e abri uma skol. Trabalhei direitinho, virei professora de sala de leitura, indiquei Neil Gaiman pra 5ª série, contei história pros alunos da EJA. Entendi que por mais que eu queira e acredite, não dou conta de trabalhar na periferia da periferia e perder tres horas da minha vida no transporte público e, o mais importante, cruzar na esquina com aluno armado/e/ou um corpo. Então voltei pro Centro e pras crianças pequenas, as quais dedico minhas histórias, músicas, cafunés e broncas. Em especial, às bolivianas. De quem eu quero falar.
Bem, quem me colhece já ouviu essa história um trilhão de vezes: eu trabalho na região central da cidade, entre os bairros da Barra Funda e Bom Retiro. Por ser em período integral, a escola acaba por receber filhos dos trabalhadores da região, entre eles os bolivianos que trabalham nas oficinas de costura do Bom Retiro. São crianças com uma trajetoria bem diferente das demais, e eu nao sei até que ponto a gente dá a atenção necessária a essas particularidades. É comum dessas crianças a dificuldade em falar portugues, ou se alimentar na escola.
Devido a minha curiosidade latente, resolvi tentar entender melhor a esse grupo que atendemos: primeiro, ouvidos atentos e cuidado no acolhimento dessas familias bolivianas, de modo que eles pudessem sentir confiança e apoio no trabalho desenvolvido na escola. Segundo, entende-los em sua peculiaridade. Isso me levou à Kantuta.
Kantuta, um mundo à parte
Muitas crianças falavam sobre passos de dança e ensaios, que eram realizados aos domingos. Descobri que a coisa toda acontecia numa praça no bairro do Pari e fui lá ver: uma mistura de cheiros e cores, um mundo diferente de tudo o que já tinha visto. Comidas, temperos. Dvd’s e cd’s. Instrumentos musicais, tecidos. Bebidas. E uma santa, a quem todos devem devoção. Vi, comi e fui embora, meio encabulada de entrar num território sem convite.
Fui outras vezes, e mais atenta, comecei a reconhecer rostos sorridentes: “olá professora, sou mãe da fulana de tal, que bom que voce veio conhecer nossa feira!”. Assim eu recebo explicações com sotaque e risadas, enquanto brinco com uma criança e converso com outra mãe.
Daí que eu quero entende-los. Isso mesmo: compreender a presença dos bolivianos em São Paulo. Que eles são quase-escravos, isso todo mundo já sabe. Agora, o que não sai no jornal é esse modo bonito que eles tem de cultivar a cultura e a memória, adaptando seus costumes a uma terra tão estranha a eles.
Então, o programa de domingo será, por algum tempo, ir no Pari aos domingos, na hora do almoço, e conversar com as pessoas. E fotografar, e filmar, e conversar mais um pouco...
(sabe a foto do início do post? os mais velhos ensinavam ao mais novo - que foi meu aluno - passos de dança)