sexta-feira, 22 de julho de 2011

Porque eu sou uma negação nos negócios:

O moço sempre diz que eu tenho vocação pra ser pobre, fundamentado nos pontos:


- fiz magistério quando poderia ter feito mecatrônica ou secretariado ou sei lá o que;

- fiz História, quando poderia ter optado por outro curso superior que me garantisse outro destino que não a sala de aula;

- virei funcionária pública, que embora seja um emprego estável é de salário limitado;

- não fui naquela entrevista de emprego pra trabalhar naquela editora, lembra?

- nem me dei ao trabalho de tentar dar aula em escola particular, ignorando os pedidos da minha mãe;

- saí de uma cidade dormitório e vim parar aqui, e esse é o máximo que eu já sonhei (ir pro exterior, eu? mágina!);

- minha meta mais audaciosa não é ir pra Inglaterra, mas dar um rolê em La Paz;

- acho tudo caro e sempre acho que posso encontrar o mesmo produto pela metade do preço na 25 ou no bom retiro;

- acho que posso fazer tudo com cola quente, alguns apetrechos que já tenho e um pouco de paciência;

- sei de um monte de coisas sobre a cidade (sabe aquela coisa que vc não faz idéia de onde vende? Eu sei, hahaha) mas compartilho esse conhecimento inútil apenas com alguns poucos amigos;

- faço nada com as minhas idéias, quando poderia fazer muito mais e cobrar por isso.

Mas daí eu travei, né?

Nesse tempo todo que estou em casa (quase 5 meses) resolvi costurar. No começo era a única coisa que conseguia fazer, pois a dor me impedia de fazer algo que não fosse mecânico, mas depois tomei gosto pela coisa. Se você me conhece ou olha lá nos posts antigos desse blog sabe muito bem que eu sempre tive uma queda por manualidades, sobretudo pela costura, feltros e botões, herança de família, e que sempre me faltou tempo para pôr em prática tudo o que via por aí, pobre professora-estudante-mulherzinha. Agora eu tenho tempo de sobra.

Depois de mais de 50 tiaras prontas, muitas delas dadas às amigas, resolvi que queria vender. Não, eu não preciso dessa grana, já que eu tenho um salário que me garante uma vida bacaninha, mas vender/ter um comprador significa reconhecimento por um trabalho, certo?

Há muito tempo acompanho o trabalho de algumas pessoas/marcas que souberam aliar qualidade, boniteza e redes sociais, como a Alice Disse. E acompanhando percebi que há algumas estratégias muito explicitas para a proliferação de uma marca/produto, como atender sempre e muito bem um cliente, ser simpática, oferecer um bom produto mas sobretudo caprichar na produção (site/fotos), fazer sorteios, ter um blog legal e conseguir seguidores.

Sabe a feirinha Como Assim? (no Center 3, em SP) ou a Feira Hype (Rio) ou outras tantas espalhadas por aí? Coisa do passado: a onda agora é Tanlup, Elo7 ou Iluria. E é incrível ver como prolifera! Há MUITA gente fazendo coisas, semelhantes inclusive, e correndo atrás de compradores, seguindo a cartilha blog bacana-contatos-sorteios-seguidores.

Sabendo do esquema, resolvi me inserir, escoar a minha produção e abrir uma lojinha no Tanlup, a Feltrices. Uma semana depois, sabendo de tudo o que eu sei, concluo que de fato tenho vocação para ser pobre: não consigo “propagar” a marca, não tenho paciência (estômago) pra fazer um blog “fofo” e acho quase cafona essa coisa de fazer sorteio “seja meu seguidor e quando chegarmos ao numero 1000 sorteio uma tiara”, assim como não consigo ficar de conversa fiada-melada com pessoas no twitter para pegar carona na fama alheia.

Talvez esteja na hora de mudar meus pensamentos e de dançar conforme a música.

(artesanato não enriquece ninguém, tenho clareza disso)

3 comentários:

kell disse...

Sempre achei que você fosse professora de Arte e não de História

Vivo uma experiência parecida sobre parar na hora que deu para parar, acredito que as coisas nunca acontecem por acaso.

Melhoras moça!

Evelin disse...

Cheguei no seu blog hoje, pesquisando sobre qual é melhor Tanlup ou Iluria, o engraçado é que nunca me identifiquei tanto com um texto na web como o seu. Não sei se é bom ou ruim, afinal minha lojinha também não esta dando certo ,bem de julho de 2011, até hoje maio de 2012 espero que a sua tenha prosperado, ou então vou me sentir como em um banho de agua fria.

Jaqueline disse...

Minha vida seria exatamente igual, a diferença é que sou professorinha de inglês...