segunda-feira, 20 de julho de 2009

Caio F., amigo intimo


conheci o Caio na faculdade, nos meus 23. aula de psicologia da educação, julio groppa aquino, o professor mais intenso-e-chato que já tive, tinha por habito iniciar suas aulas lendo um texto literário de sua preferência: afirmava que na docência e na universidade todo nosso tempo era dedicado à teoria, deixando assim o mundo literário em segundo plano. numa noite resolveu nos apresentar ao Caio, com uma leitura de “dama da noite”, repleta de sarcasmo e ironia. amei.

e desde então compro-e/ou-leio tudo sobre o Caio: virou meu amigo intimo, freqüentador assíduo da minha estante de livros.

toda essa volta apenas para comentar a capa do caderno Ilustrada, da Folha desse sábado. o texto “caio entre amigos” relata a nova biografia do autor, escrita por Paula Dip, baseada nas cartas escritas por Caio e nos depoimentos de seus destinatários, demonstrando como a sua trajetória traça um interessante painel dos anos 80. ainda tem um texto do Luis Augusto Fischer (até então meu caro desconhecido), bem bacana, em que diz : “O que mais chama a atenção é que a força de Caio, quer dizer, de sua literatura (hoje essa mistura ganha o elegante nome de autoficção, como Auster ou, sei lá, Mirisola), não vem do apelo sensacionalista que alguns quererão ver em sua obra, mas procede do exame minucioso a que submete as percepções e sensações íntimas de gente como o leitor e eu, pertencentes à civilização dos Beatles.”

assim como o tal professor me pegou de jeito com aqueles textos de puro sentimento intenso lidos em voz alta, rompendo a monotonia de nossas noites de cansaço e sono, assim faço com quem eu conheço: leio em voz alta as angustias de personagens tão urbanos e confusos, como eu e você, em meio as sirenes, as buzinas e o caos de nossos sentimentos.

(no aguardo da tal nova biografia, revendo os livros antigos)

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