sábado, 17 de julho de 2010

caro leitor (há algum?)

meu tempo de militante ficou pra trás, exatamente em 1976. hoje sou uma feliz dona de casa num universo fofo&colorido, mas a revoltada de antes as vezes vem a tona.

Eu sou uma aluna da UNIVESP.

Não, isso não é motivo de orgulho. Apesar do discurso inflamado do governador no dia da aula inaugural, ressaltando que o futuro do ensino superior no país está no ensino a distancia, que nós, os novos alunos da nova universidade havíamos passado por um processo seletivo rigorosíssimo, quase tão concorrido quanto as carreiras mais disputadas da USP no quesito relação candidato/vaga, o que tem ocorrido, para mim, é um sutil desmantelamento da universidade pública. Eu não bati a cabeça nem voltei pra década de 70, mas passei cinco anos da minha vida na universidade pública, com suas qualidades e muitos defeitos, e acho que tenho repertório para fazer minhas queixas.

Vamos voltar para o começo de tudo: o governo do Estado, sob o argumento de oferecer formação de qualidade aos professores em exercício e ampliar o número de vagas na universidade pública, criou a Universidade Virtual do Estado de São Paulo, que funciona em parceria com as universidades estaduais, fazendo uso de seus espaços físicos e de alguns professores para o oferecimento de cursos semipresenciais. Superbacana, até nos depararmos com a realidade posta: alunos UNIVESP não tem acesso aquilo que os alunos da UNESP tem, coisas básicas como biblioteca, lanchonete, carteirinha de meia entrada e de passe (reza a lenda que ela chegará agora no mês de agosto, e olha que somos alunos desde março!), uma sessão de alunos para obtermos informações ou fazermos queixas. E os professores? Temos tutores, que orientam os estudos (a realização das tarefas indicadas na apostila) que apesar do esforço em realizar um bom trabalho, pouco sabem sobre a dinâmica do curso, e uma professora orientadora, que as vezes aparece e não dá conta de tantas reclamações.

Já estamos em julho e pouco aconteceu. Fico pensando cá com meus botões o tamanho desse absurdo, pois no final de três anos sairemos com um bonito diploma da UNESP, provavelmente com metade do repertorio de um aluno do curso regular. Pra mim, o escancaramento da proposta neoliberal está nesse curso, na proposta de abrir mais vagas na universidade pública sem preocupação com a qualidade. E de certo modo tô aqui, compactuando com tudo isso, já que prestei o vestibular, passei, freqüento as aulas e ainda não desisti, como uma boa cordeira.

Por isso tudo que eu concordo com o povo do DCE da USP. Não sei se eles sabem de tudo, se já se infiltraram num curso da UNIVESP pra saber qualéqueé ou se levantam a bandeira do contra só de ouvir falar. O que muito me assusta é não ver o Diretório Estudantil da UNESP falar nada a respeito, e me assusta mais ainda perceber que já passou um semestre e nós, estudantes&sofredores da UNIVESP não termos feito nada além de cartas ameaçadoras, textos toscos e queixas quase-sindicais e pouco maduras para os professores que somos.

Entonces, tô quase partindo pro radicalismo.

A queixa do povo da USP, aqui


4 comentários:

Anônimo disse...

e voce nao gosta de nada do curso? nem dos programas da televisao? tem material impresso? vc também nao gosta?

telma disse...

os programas que passam no pólo estão disponíveis na internet e eu posso ver no doce recanto do meu lar. a plataforma é um fiasco, e tenho a impressão que quem planejou a coisa não entendia nada de redes sociais ou sabia exatamente o que é um portfolio (para cada módulo abre-se um novo portfolio, uma nova caixa de correio e o forum de discussão não é um fórum, mas um responda-a-sua-pergunta), a apostila é fraca e os tutores, ai meu deus.
o que nos prendeu até agora foi acreditar que esse curso foi planejado para pessoas sem graduação e nós, privilegiados da capital com bonitos diplomas usp/unesp/unicamp devemos ter calma.

mas a calma acabou e não se vende na farmácia.

Unknown disse...

não se vende mesmo! e penso que esses espaços tão essenciais como biblioteca em uma universidade deveria ser realmente pública beneficiando a comunidade em um todo, mas a exclusão intelectual ainda é bem notória.pqp

Unknown disse...

ah e antes que me esqueça tem leitor sim! rsrs (apesar de novo por aqui)