segunda-feira, 4 de maio de 2009

às vezes, bem às vezes, eu acredito que a cidade ainda tem jeito:




desde quarta-feira percebi o movimento das pessoas em busca de uma programação da Virada Cultural. pessoas comentando, planejando seu roteiro pela noite, elegendo os shows imperdíveis. no sábado, por volta das oito da noite, comecei minha perambulação habitual pelo centro, e aquilo tudo me arrepiou: os franceses malucos e suas invenções, a dança no Vale, os punks vestidos à caráter em harmonia na República. me emocionei com o senhor negão e seus dois meninos, de cabelão black, vestidos lindamente pro baile.





Fui dormir




no dia seguinte o cenário era deprimente: muito lixo (MUITO MESMO), cheiro de urina e bebados e/ou chapados caídos pelas esquinas e gramados, alguns em cima do próprio vomito (ou de outro?).
daí essa coisa de acreditar que a cidade tem jeito e pregar isso pra todo mundo foi um pouco por água abaixo. porque quem me conhece sabe muito bem que sou uma entusiasta do Centro e em especial da Virada, e que acredito que as pessoas precisam retomar esse espaço, central na historia da cidade e na historia de vida de cada um que a habita, mas depois do que vi não sei se a iniciativa vale mesmo. porque as pessoas vem, se divertem, sujam e vão embora. o movimento de ocupação do Centro não é continuo e, sem sensação de pertencimento, o cuidado é zero.




uma pena.




eu continuo aqui, moradora-reclamona do centro, acreditando que um dia as pessoas virão pra cá livre de seus preconceitos, para admirar toda a riqueza e diversidade, e não só pra ver a maria rita.

ps: apesar das coisas ruins, no meio daquela multidão de gente era possível perceber olhares curiosos para a arquitetura e a dinâmica do centro. Talvez o mundo ainda tenha jeito...

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