domingo, 31 de maio de 2009

Já tem uma semana que meu pai me deu um abraço, o primeiro e inaugurador dos meus 28.

Nós nunca tivemos uma relação de proximidade física: embora as conversas fossem sempre longas e o interesse dele por tudo o que faço fosse continuo e crescente, o máximo que havia recebido até então era um aperto de mão e um parabéns quando entrei na faculdade. Só.

Festa de fim de ano, casamento, nascimento, nada. Quando a mãe dele morreu só o vi chorar no instante em que o caixão desapareceu naquele buraco, e o máximo que consegui fazer foi oferecer um lenço. Só. Me arrependi de não o ter confortado com um abraço, mas ao mesmo tempo eu não sei como se conforta alguém que perde a mãe.

E então ele vem do nada, com uma alegria gratuita, me abraça e diz: Parabéns pelos seus anos bem vividos.

Devia tê-lo abraçado mais.

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